O dia-a-dia dum Marciano em Vénus, numa casa de mulheres: Sara (a mãe), Maria Ana, Maria Francisca e Maria Rira (mais a cadela Karina)...

Um tremendo desafio para um homem na idade moderna: como compreender, como falar a linguagem delas, como perceber as suas "mariquices", como ralhar sem fazer chorar, como controlar sem ser controlador, como deixar andar mantendo as meninas vigiadas...ufff! Enfim, como ser dominado e achar que se domina tudo...

Estou a escrever isto e já só quero fugir...

Mas a viagem já começou e este marciano vai a caminho de Vénus, com um bilhete só de ida no bolso (com um grande sorriso de felicidade nos lábios...)...
Mostrando postagens com marcador ana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ana. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Se ficar comigo é porque gosta...de quê????

É normal e, pelo que me lembro, também era assim na minha infância, os miúdos ouvirem música, repetirem, dançarem e cantarem em frente ao espelho incessantemente essas mesmas músicas que, vamos lá a saber porquê, lhes ficam no ouvido...

Mais estranho quando são, por exemplo, músicas cantadas em inglês, cujos sons os miúdos tendem a tentar repetir, cantando numa língua qualquer entre o inglês e o soviético...

Há uns anos atrás, nasceu um novo fenómeno: músicas brasileiras de qualidade duvidosa, com coreografias apelativas, com letras fáceis e que os miúdos (e a bem da verdade, muitos graúdos) não resistem...

Já tivemos a "Mila", já tivemos o "bicho", o "rebolation"....este ano temos uma coisa que se chama "lepo lepo".

A primeira audição da música parece igual às outras: letra de fácil encaixe, ritmo brasileiro bem mexido, coreografia porreira... tudo para mais um sucesso veraneano tremendo do outro lado do oceano...

Lá em casa, não podia deixar de ser importada esta maravilha musical. Volta e meia, lá ouvia a pequena Ana, sozinha, a cantarolar e a dançar o tal "lepo lepo"...

Até aqui tudo bem...

Ontem, pediu-me que procurasse e pusesse a rodar o video da música no you tube, para que ela e a irmã (mas no fundo o que lhe interessava era ela e só ela) pudessem curtir a musica, aprender bem a coreografia e mostrar aos pais como sabiam...

Ao ouvir a música, percebe-se que se trata da história dum desgraçado que perdeu tudo: casa, carro, etc, mas que está convencido que a miúda com quem anda não o vai largar porque gosta do seu "lepo lepo" (Hã?)...

Ao OUVIR com mais atenção a letra e, principalmente, os gestos da coreografia, parece-me que "lepo lepo" não é mais do que as célebres palmadinhas de amor no rabo durante o acto sexual?!

Se calhar sou eu que sou um tarado, mas ou é isso ou então é a imitar o abanador como quem está a acender o fogareiro.

De qualquer forma, sabem do que tenho saudades? Da Ana Faria e dos Queijinhos Frescos!!!

Estou condenado a passar o verão a ver a minha filha a cantar e a imitar "sapatidinhas no rabo durante o sexo" o tempo todo!?!? Obrigado, Psirico! Viva o forró!!!

Clicar para confirmar (e quem não clicar vai levar um "lepo lepo" gostoso):

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

"Mas afinal..."


Ontem a Ana teve finalmente aquilo que andava a pedir à tanto tempo: o estojo de maquilhagem das Winx... Os olhos até se iluminaram quando o recebeu...e pai que é pai adora ver os olhos das suas filhas a brilhar...A Francisca recebeu uma máquina de sumos da Kitty, que também foi outro enorme sucesso.

Depois de banhinhos tomados, roupinhas vestidas, a Ana pediu para poder finalmente dar asas à imaginação e pôr-se bonita a ela e à irmã. Pedido aceite e que a beleza se multitplicasse e resplandecesse, enquanto fomos nos vestir...

O resultado, quando voltamos à sala, foi...



E a Ana rematou, cheia de si: "`Tás a ver, mãe? Estavas com medo que ía ficar mal, mas afinal...."

É isso, mãe: tens de aprender a confiar mais nas miudas...

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

As fases do xixi-cocó...


Os filhos (e os seus pais, por efeito ricochete) passam todas pelas fases de "usar/deixar a fralda". -numa 1ª fase, os bebés fazem tudo o que é necessidade para um saco (vulgo fralda) que fica ali a aconchegar bem quentinho tudo o que é xixi e cócó numa bela mistura assada; numa 2ª fase, temos a fase em que as crianças vão avisando que já fizeram, mas que muitas vezes mentem, outras confundem "xixi" com "cócó", e os pais não sabem se devem confiar nelas, às vezes confiam e não deviam, outras não confiam e é falso alarme e tantas outras não confiam e já chegam tarde demais...Depois a fase fralda-cueca: as crianças vão pedindo, ainda com as tais fralda-cueca vestidas, para irem ao pote, depois à sanita, por aí...Depois então deixam de usar qualquer protecção fraldária, aumentando em larga escala o risco de vazamentos no esgoto, para a roupa e para os lençóis da cama...

As duas pequenas venusianas estão obviamente em fases diferentes.

A Francisca está na fase da "cueca-fralda", pede 5 vezes em cada 2 minutos para fazer "xixi" ou "cócó", para a levarmos à sanita, variando entre as sanitas disponiveis lá de casa. Não raras vezes, aparece na sala já com as calças e as ditas fraldas pelos tornozelos a pedir o mesmo... e anda assim pela casa até nos encontrar!
De cada vez que "faz" alguma coisa na sanita é um momento de alegria e de palmas, para parabernizar a pequena por mais um pequeno-grande feito...


A Ana já está na fase porreira. Já vai à sanita sozinha, com o insignificante inconveniente de não chegar ao botão do autoclismo, já não usa fralda nem para dormir e foi sempre desde que esta fase iniciou, uma óptima cumpridora das suas "obrigações".

Nunca foi um "stress" nem uma grande preocupação nossa com este tipo de coisas nas miudas. Elas largarão e largaram as fraldas quando "quiseram" (com óbvios e tranquilos incentivos nossos), tentamos que fosse sempre uma natural e pacifica transicção entre as várias fases. E por aí vamos acreditando, confiando também no papel das educadores e auxiliares da escolinha que foram e continuam a ser óptimas com elas, facilitando muito a nossa tarefa.

Numa noite desta semana, a Ana sentia-se adoentada, doia-lhe a lingua e a garganta, estava meia febril mas sem febre, deitei-a comigo na minha cama (e da mãe) e no meio daquele dorme/não dorme, molhou o pijama dela, a cama toda, o meu pijama, acho que até os meus ossos ficaram encharcados... mudei-lhe o pijama e deitei-a na cama dela...

De manhã, acordamos com a Ana encostada à nossa cama e, mal se apercebeu que estávamos a despertar, dissse calmamente: "Eu tinha mesmo esperança que não ía fazer xixi na cama...mas mijei-me toda...pijama todo mijado, cama toda mijada...."





Espero que não...

Como já referi noutros textos, e com certeza irei repetir mais vezes, a Ana é um poço de eloquência, volta e meia atirando uma frase muito adulta, cheia de personalidade, usando-a no tom e com a atitude certa.

Reza a lenda que eu também era assim. Um puto com a mania de se armar e que dizia expressões ou frases muito engraçadas, por serem totalmente desadequadas para a minha idade, pela expontaneidade e pela forma como as dizia. Não sei se eu seria assim, a Ana tenho a certeza.

E, o "melhor" de tudo, é que nunca se sabe quando vai disparar...

Num destes dias, estavamos a tomar o pequeno-almoço, a única refeição que é quase meter um funil na Ana para que coma e beba tudo...(nisto sai nitidamente à mãe que, para além, de não gostar de comer ao acordar, ameniza e tenta desculpar a Ana por também não querer...). Então lá estavamos nós na velha luta pais/filh@s: do meu lado, "come", "anda lá", "olha as horas", "despacha-te"; ela, por seu lado, ia dando envergonhadas mordidelas no pão, bebia uns tímidos goles no leite...

Para mudar o rumo da conversa, ela pega num estojo da Kitty (essa irritante gata de olhos em bico) e desafia "hoje vou levar isto para a escolinha", ao que respondo "nada disso! isso é para ficar em casa..". E a pequena mamífera afia os dentes (e a lingua) e dispara: "Está-me a querer parecer que tens cara de parvo...Parvo e idiota", depois sorri matreiramente e remata "Tens, não tens,pai?" - Se não tenho, nessa altura fiquei...

Ana, 1 - Marciano,0


Nesse mesmo dia, ao jantar, a meio duma bela refeição familiar, dei por mim estava, porque apesar de ser pai, sou também um homem que aprecia a sua mulher, de olhos fixos no decote da Sara quando sou "acordado" pela Ana : "Paiiii!" -sorriu e rematou "Estás a pensar o mesmo que eu, não estás, pai?". Sinceramente, espero que não...

Ana,2 - Marciano,0

Felizmente o jogo acabou pouco depois e fomos para a cama...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A Ogresa e a Migalhinha









“Baba Yaga tinha um único dente.” – Assim começa o livro da história que a pequena Ana esta noite escolheu para que eu lhe contasse, já na caminha.

Aquilo que um pai deseja, acima de tudo, é que o livro, a história, o conto a ler nesta altura do dia, seja numa onda calma, pacífica, harmoniosa, para que seja o primeiro embalo duma noite serena e de um sono tranquilo.

O livro chama-se precisamente “Baba Yaga”, de Tai-Marc Le thanh e Rebecca Dautremer,  e reza a história de uma menina só de um dente que, por precisamente ter só esse dente e por ser gozada pelos outros miúdos, se foi tornando cada vez mais malvada.

Ainda na primeira página pode-se ler : “Apesar de tudo, ela queria parecer-se com as outras crianças e aprendeu a assobiar, mentir, arrotar e sobretudo, mastigar com um só dente. Para treinar, ela começou por comer o ser cão, Auau Yaga (…) não gostava de animais (a não ser em guisado).”

Estavam lançados para uma história, no mínimo, estranha, mas de nada me valia recuar, até porque a Ana estava atentamente vidrada a ouvir e aquilo, depois da miúda comer o cão, só podia (achava eu) melhorar.

Viro a página…
“Baba Yaga sentia-se muito só. Como só tinha um dente, ao contrário das outras crianças, resolveu comer algumas. Achou-as bem mais saborosas e decidiu tornar-se ogresa…”

Neste momento, engoli em seco e pensei, por milésimos de segundo, que aquilo que saiu da minha boca não podia ser aquilo que eu percebi…

Mas na verdade era. A Baba Yaga comia crianças que nem ginjas, adorava o seu sabor, mastigava-as dolorosamente devido a ser “unidente”… Foi então escorraçada para viver isolada na floresta, mantendo apenas contacto com a sua mana, a Caca Yaga. (neste momento eu e a Ana esboçamos um tímido sorriso, porque no meio daquele mix de Shreck com Dexter e Hannibal Lecter, descobrimos que a canibal tinha uma irmã Caca, tal como é tratada a pequena Francisca, cá em casa) …

A narrativa acrescenta que “Baba Yaga continuava a comer crianças: tartes de garotos, assados de miúdos com conserva de limão, chouriços de petizes com azeitonas, tirinhas de toucinho com criancinhas…” Até abriu um restaurante, “Cantinho de Petizes”, onde nenhum cliente foi, vai-se lá saber porquê, o que pelos vistos, tornou a “cordial” ogresa ainda mais malvada.

A irmã da ogresa (Caca Yaga) mudou o nome para Madalena ( não me perguntem em que é que esta informação enriquece a história, porque não faço ideia…), casou e “ganhou” uma enteada de nome Migalhinha.

Como a Madalena “gostava imenso” da enteada, mandou que Migalhinha fosse a casa da sua irmã na floresta. Entretanto a miúda, pelo caminho, é avisada por um sapo falante que a tia a vai triturar só com um dente. A miúda fica renitente, apesar do “fio de baba a escorrer pelo queixo da velha” quando a viu à sua porta, até ver o banho quente de imersão que a tia preparou para ela, com nabos e legumes a boiar, qual belo guisado de miúdos…

 A tal Migalhinha lá se consegue escapar da casa da terrível e comilona tia, corre em pânico, sempre com a malvada da tia quase a alcança-la, mas lá se safa e acaba por chegar a casa, conta ao pai que, enraivecido, expulsa a madrasta de sua casa, iniciando-se provavelmente mais um processo complicadíssimo de divórcio.

Para concluir a história, a ogresa voltou para casa furiosa e conclui-se: “Baba Yaga continua com fome.”

Sinceramente, não sei se esta última frase pretende criar alguma empatia entre o leitor e a ogresa, dando a imagem duma criatura terrível todo o livro, mas que no fundo, era um ser-humano (ou mais ou menos) e que tinha fominha e que de fome ninguém deve padecer…

Por mim, que o raio da ogresa morra de fome, chiça!

A história terminou e temi pelas perguntas, por vezes estranhas, da Ana, mas desta vez, talvez por estar perdida de sono, deixou escapar apenas um “Esta era um bocadinho mazinha, não era, pai?”
“Era, filha. Tinha dias, mas no fundo ela gostava muito de crianças. E isso é que era importante…”

Tal livro pode ser lido a crianças com 3 ou 4 anos que não têm o alcance e a capacidade de absorver a gravidade do que se possa ler, mas contar esta mesma história a miúdos de 6 ou 10 anos, pode ser problemático…

Confesso que mesmo eu, já adulto, não prometo que não vá sonhar com uma tipa gorda, feia como tudo, mal vestida, a correr atrás de mim pela floresta, para me espetar o único dente que tem, no seu escuro e assustador sorriso…

A editora do livro é a Editora Educação Nacional. Não conheço, mas desaconselho este livro a menores e a pessoas mais sensíveis.

PS1- Quando escrevi este post, ontem à noite, já todas dormiam lá em casa e fui-me perguntando enquanto teclava “Mas quem, no seu perfeito juízo, compra um livro destes, que faz o Carpenter um escritor simpático?” Descubro hoje, ao mostrar o texto à minha melhor crítica, na habitual pré-leitura, que , devido às magnificas ilustrações do livro, fomos mesmo nós, os pais, que o compramos.
Então, o meu humilde conselho é: que as ilustrações não sejam o único ou mais importante critério na compra dum livro infantil; há que dar uma rápida vista de olhos….

PS2- Ao fazer uma pequena pesquisa "googlar" sobre esta criatura, apercebi-me que, afinal estamos perante um sucesso eslavo, uma personagem mitológica, em relativa escala, o que atesta alguma cultura geral à compra deste livro (ou não?)...pelos vistos, andamos distraidos e fomos iludidos com tais belas ilustrações... 

terça-feira, 17 de julho de 2012

Maravilhado com a educação – Parte I


Então chegou finalmente a data da “visita” ao oftalmologista, para se analisar se na pequena Ana o olhinho direito continua a fugir muito e ver se é preciso ajustar a graduação…

Lá fomos à CUF, quais senhores ricos ou beneficiários de excelentes seguros de saúde facultados pelas empresas que nos pagam o ordenado…Nada mais errado! Tesos, mas nas melhores e mais caras clinicas do país…Ah! E sem qualquer seguro de saúde…

Para relembrar, a Francisca tem na testa provavelmente os pontos mais caros da história da medicina moderna…Se ainda me lembro (porque fiz um esforço para apagar esta memória do meu “disco-duro”) ficou à volta da módica quantia de 180 Euros cada um!!! Felizmente, foi uma cicatriz de 2 pontos…

Antes do relato dos facto, só queria esclarecer que não voltamos ao local do roubo (leia-se "mesmo hospital") por qualquer rasgo de masoquismo, mas porque este médico que acompanha os “olhinhos” da Ana tem consultório privado em Gaia e o preço da consulta é o mesmo. Por isso, entre ter que atravessar a Arrábida e meter-me na confusão “qu`é Gaia”, “caguei” (não resisto a este jogo de palavras) e voltamos ao local onde fomos assaltados meses antes.

Mas voltando à actualidade, eis-nos na sala de espera do Hospital Mello…Eu a ler as várias revistas de propaganda ao grupo hospitalar, que cria em nós uma vontade quase incontrolável de estourar dinheiro em consultas, exames e operações, desde que seja na Cuf… mesmo que isso quisesse dizer que a saúde nos poderia estar a escapar, não interessa: só nos apetece ficar doentes para conhecer todas aquelas caras bonitas e felizes, aqueles sorrisos rasgados de todos os que trabalham lá, aquelas salas de operação lindas, toda aquela luz, aquele brilho, aquele glamour, aquela luuuuzzzz….

Finalmente, sou “acordado” pela pequena Ana que pousa junto a mim, no sofá, um daqueles brinquedos didácticos com 3 arames de cores diferentes entrelaçados entre si, com bolinhas que os percorrem de uma ponta a outra…

Não sei qual o interesse daquilo, e pelos vistos a Ana também não que rapidamente se cansa daquilo e o deixa ficar, imóvel, junto a mim. Outra menina, de uns 6 anos talvez (a Sara é que sabe a idade certa, pois sou péssimo a adivinhar as idades só analisando fisicamente alguém…), pega no dito brinquedo e leva-o para uma mesa de crianças, ao canto da sala, para se entreter. A Ana não gostou da atitude… E a partir desse momento, qualquer coisa que a miúda fizesse, lá vinha a Ana fazer queixinhas: “A menina tirou-me o lápis”; “a menina não me dá um desenho”…peditórios a que nem eu nem a mãe contribuímos e que rapidamente criticamos, para que a Ana não o repita. Aquilo lá passa, vamos à consulta… e “voilá”! boas noticias: a graduação mantém-se, o “olho foge menos”, tudo bem…

Saímos do consultório, e verdade seja dita, este médico sabe tratar crianças, ou então a Ana é mesmo fabulosa a colaborar naqueles exames todos… Ou então ambas as coisas são verdade. Continuando, vamos para outra sala onde temos que tirar um ticket numerado, para pagarmos… Até aqui tudo bem....

Lá aguardávamos pacientemente numa sala com vários sofás, apinhada de gente, quando percebo que a mesma miúda da outra sala está por ali perto, especada a olhar para a Ana. A Ana aproxima-se, diz qualquer coisa que não consegui ouvir, pede-lhe um beijinho e “rouba-lhe” um beijinho no braço da miúda, que continuava imóvel, a olhar para a Ana, de pé, no meio da dita sala.

A Ana afasta-se da miúda, está mais ou menos a 1 metro de mim, já sentado num sofá e dispara elegantemente em voz de discurso eleitoral: “Pai, sabes porque é que a menina está assim?”
Eu, estupida e precipitadamente, enquanto pensava “assim como?”, deixei sair um “Não, porquê?"
E, para meu “orgulho”, a minha miúda dispara em alto e bom som: “Porque quer arrear a giga, pai! Porque quer arrear a giga!”

……………………………………………………………………………………….
Olhei para a mãe que pelo olhar, não se tinha apercebido, e a miúda repetiu convenientemente e desta vez ainda mais alto tais simples e, ao mesmo tempo, fortes palavras…

Claro que apressei-me a disfarçar :”Estes miúdos na escola aprendem cada coisa…Tsss…Tsss…” tentado desvalorizar o incidente.
Duas coisas a reter: 1- nem sempre numa sala de pagamentos, o que nos vai custar mais é o pagar, propriamente dito ; 2- nunca sejam tão descritivos quando estão a sair da sala de estar a caminho da casa-de-banho, com crianças com mais de 3 anos presentes... as pestinhas decoram tudo e, quando menos esperamos, vão usar o que aprenderam contra nós...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dia do Pai...Té!!!


Finalmente, chegou o dia mais desejado e espectacular do ano...dia 19 de MArço, O DIA DO PAI TÉ!

Recebi uns dias antes, um pequeno papelucho que me convidava a participar numa festinha na "escolinha" da pequena Ana, convite esse que deixava implicita uma partidinha de futebol entre pais... Não há coisa que mais apeteça Num dia de trabalho às 9 da manhã: uma jogatana de futebol num piso de alcatrão e pedras (que para quem conhece é equivalente a cair em cima de um lindo tapete de vidros...), num animado jogo de 9 ciganos+1...neste caso o "+1" não é o "melhor jogador chinês da actualidade", mas sim um pobre e frágil (leia-se covarde) pai, além de outras caracteristicas menos importante, como: fracalhote, de média-pequena estatura, sem jeito para a porrada, anti-violência (leia-se medroso), por aí...

"O mais importante não era a bola" - tentavam convencer-me- "É só para se divertirem e estarem os pais com os miudos..."

Ok..ok...Convenceram-me. Não para o jogo, fiz de conta que ia participar em tudo e lá decidi que iria. E ainda bem que assim decidi...

Logo de manhã, ao acabar o meu banhinho, vesti-me como todos os dias, desci as escadas para o rés-do-chão e eis que tenho a melhor visão que um pai pode ter de um filho/filha logo pela manhã...Qual?


A pequena Ana de camisola do grande Sporting, qual Simba a ser levantado por Rafiki e mostrado a todos os animas da floresta...

Voltei a subir e por baixo do casaco de malha, vesti uma gloriosa camisola dos leões do tempo em que o patrocinio era "SIC Televisão"...Já lá vão uns aninhos...do tempo do Amunike, do Sá Pinto, do Barbosa, do Naybet....do tempo em que ganhámos por 3-0 ao Porto numa finalissima da Supertaça em Paris, salvo erro em 95/96... Enfim...

Voltei para baixo e eis o "pai igual à filha,igual ao pai, igual à filha, igual ao pai...." e assim nessa comunhão clubistica, partimos rumo à festinha...

Entramos pela porta que entramos todos os dias, porta essa que só nós usamos como entrada, é uma espécie de "porta do cavalo", mas que dá muito jeito porque pela chamada porta principal, temos q caminhar uns 50 metros, coisa imprópria para essa hora do dia...

Entrando por essa porta, entramos directo no hall de entrada da escolinha, já cheiinha de miudos a toda a volta sentados...Ao verem-nos assim vestidos, começam os risos, os apupos, os assobios, os "baaaaah", os "num bale náda", os "baitimbóra", os " eu sou do puarto", "benficá!benficá" e eis que a pequena Ana se mostrou ENORME...

Ao colo da LiliAna (uma das "professoras" da Ana, a preferida), enquanto os miudos berravam, assobiavam e manifestavam-se contra o nosso orgulho sportinguista, eis que... ELA faz o ar mais impenetrável do Mundo, distante de tudo o que se passava à sua volta e começou a bater orgulhosamente com a mão no peito (e no simbolo) de forma decidida e ritmada... como que a dizer "digam o que disserem, o Sporting é o nosso orgulho"...Ah, grande LEOA!!!

E assim recebi a melhor prenda que podia ter neste dia do Pai!

Isto e poder partilhar o sorriso destas duas criaturas lindas que não me deixam ter uma noite descansada há uns bons tempos, mas que me recuso a contabilizar, a bem da nossa saúde mental...

Obrigado, filhas venusianas e leoas do Paité!!!!


Ps- É verdade que também recebi uma t-shirt muito gira pintada pela Ana e uma mochila das duas pequenas , para juntar toda a tralha que trazia numa mochila, com o portatil que trazia noutra mochila...No fundo, é uma mochila do sport billy, com a diferença que o desenho-animado só carregava coisas úteis na sua sacola...

PS- Para terminar, uma homenagem ao meu velho, que esse sim bem merece: "OBRIGADO PAI...POR NÃO ME TERES FEITO NEM DRAGÃO NEM LAMPIÃO!"

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Acidente ao pequeno-almoço...

Comecei o dia a dar pequeno almoço à pequena Ana.

Tudo a correr bem não fosse estarmos atrasadissimos como sempre...

De repente, no meio das pressas, das perguntas da Ana sobre as minhas bolachas e tal, vira-se a caixa das weetabix por cima do yougurte já aberto e pimba...uma cascata cor-de-rosa lindissima a jorrar da mesa...para o meu colo, para o chão, para as cadeiras...enfim!

Além de ter soltado uns horriveis e evitáveis impropérios contra a minha sorte em frente da miuda, ainda tive que, um sem numero de vezes, levar com um:" Tu fizete asneiras...Com o yoguto" com aquele ar de gozo de fininho... grrrrr! Enquanto andava eu de "cú pró ar" a limpar aquele engodo com toalhitas e panos de cozinha... Debelado o sujo do chão, limpei as calças com as milagrosas toalhitas...

Resta-me a consolação de passar o dia a sentir um incrivel cheirinho a morango, que nasce do meio das minhas pernas e sobe por mim a cima, sempre que me mexo na cadeira!

Será que iniciei a transformação para um "corpo Danone" e comecei pelo cheiro?

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mimos com mimos se pagam...





Inserido num desses bons momentos de alegria e convivio familiar no Natal, estava na altura de partirmos duma das casas, quando a pequena Ana profere esta pequena grande maravilha, meia a choramingar, meia a começar a gritar: "NÃO QUERO O TIAAAAGO! QUERO A SARA!"...esta miuda vai-me cansando com estes mimos espontâneos...ufffff! e melhor ainda, vai refinando e já trata os pais pelo nome próprio; para melhorar, isto fora de casa, o que deixa orgulhoso qualquer pai...ufff!



Mas como bom pai, tenho um trunfo na manga...





Num destes dias, ainda a casa nova não estava em obras, levamos a pequena Ana para ver a "caja nova". Ainda havia por lá pertences do antigo proprietário, dos quais lhe saltou à atenção uma enorme gaiola com um papagaio, herança que ele tinha herdado dos pais... Desde então, a Ana quando questionada sobre a casa nova, se gosta,o que tem lá, essas coisas, fala sempre no papagaio....Ainda tentei que o bicho ficasse, mas como é óbvio (e para a mãe venusiana não me matar) o bicho lá foi à vida dele... Já não há papagaio, mas ela não faz a minima e continua a acreditar que a casa nova tem um papagaio...





Mas já tenho um plano para fazê-la entender a situação do papagaio: quando nos mudarmos para a casa nova e ela, esperta como é, irá perguntar pela dita famigerada ave... Compro previamente um frango no churrasco, mostro-lhe e digo-lhe que é o que acontece a quem se porta mal....





É uma boa lição de vida, não é?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Reflexão nataleira - parte 2

Com a idade do chiço Ana (2 anos), isto do Natal deve ser de dificil compreensão: os grandes sempre a falar dum velho chamado Pai Natal que dá prendas a quem se porta bem, que deve ser um velho muito velhinho e confuso que espalha prendas para ela por 4 ou 5 casas; que há o Pai natal dos pais, o pai natal dos avós, o pai natal dos tios, dos primos, dos amigos...depois tem q passear de casa em casa para desejar "bom natal" como se ela soubesse o que raio é isso; além de tudo, anda tudo a correr como se o natal fosse uma corrida para ver quem entrega as prendas e os cumprimentos em menos tempo possivel...depois não percebe porque de repente o pai e a mãe vão tantas vezes e tanto tempo para a "lojinha" de tal forme que sempre que o pai veste casaco diz "Vais sair...." com aquele ar meio de gozo meio de teste... mais, tanta doçaria com os grandes a lambuzarem-se e ela nada! No fundo , tentando olhar pelos olhos dela para os ultimos 2 dias, tudo não passa duma grande confusão que os grandes inventaram para estarem juntos, para ela se irritar, aoo ponto de a certa altura, ao pararmos à porta de mais uma casa familiar para mais uma rápida troca de prendas, ela implorar: "Não quero mais prendas! Quero ir para casa..." ..Também eu,ana!!!

Flash-forward....

Por falta de tempo, por motivos profissionais, pelo tempo que parece cada vez mais curto como os dias no Inverno, não tenho actualizado o blog...

Daqui seguem as minhas desculpas e promessa de mais assiduidade na escrita...

Nestes últimos 2 meses, desde o último post, algumas novidades foram acontecendo, fruto da felizmente evolução que 2 crianças maravilhosas e tão pequeninas têm.

A Francisca continua a crescer e a engordar como se não houvesse amanhã. Já usa o mesmo número de fraldas da irmã, só para terem uma ideia... A escolha do padrinho não podia ser mais acertada: pacholas como ele, quer é paz, come, dorme...enfim, agora é esperar que não seja como a madrinha a andar sempre toda pipi, que vai gastar o orçamento todo do velho em roupa... eheheh ...só para ser mais chocante, continua a ser alimentada SÒ de "peito" e a bolsar que Deus me livre...

A pequena grande Ana teve o 1º desafio da sua vida: usar óculos...mas vá lá, anda toda satisfeita com eles, parece uma cientista maluca, como lhe chamo, vai sujando as lentes vezes sem conta para fazer os outros limpar ( e tem que ser com "O" paninho...). Continua uma doçura de menina a gritar para o pai sair do quarto quando acorda..Mais, agora de vez em quando tem mais um ou dois mimos, dos quais destaco o marcante, gritante e carinhoso: "NÃO QUEROOO O PAIIIII!" o que deixa qualquer pai estarrecido com tal demonstração de afecto... Estamos perante um claro exemplo de "generation gap" a resolver futuramente...

A Ana fez 2 anos há 7 dias...foi giro perceber que as crianças ficam doentes mesmo no dia de aniversário, com uma chiadeira a respirar perceptivel aos mais atentos, mas que mesmo assim não lhe tirou a boa disposição e a alegria de ver a familia toda junta ao jantar! Tirou-lhe foi a ida à escolinha nos dias seguintes...
Teve direito a visitar o zoo da Maia e o Sea-Life, dos quais destacou a avestruz (Leopoldina) e talvez a loja do Sea-life que resolveu pôr em pantanas enqaunto a mãe foi mudar a fralda à irmã...Podem perguntar se o pai estava lá? Estava a apanhar bolinhas pinchonas que ela espalhou pela loja toda...


A mãe venusiana continua bem , com uma irritante dor na anca desde que a mais nova nasceu. O que olhando para aquele pequeno texugo gordo que é a Cácá, se compreende; pode até é questionar-se como só foi esse o "estrago"...

O Natal foi giro, mas escrevo sobre isso nos próximos posts, ok?

E Assim vão as glórias do (meu) Mundo!!!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Palavras de encher o coração dum pai...


Ao fim-de-semana, normalmento por volta das 5 ou 6 da manhã, toma a Ana um biberão de leite...Sabe-lhe bem, bebe tudo, uma maravilha.

Normalmente, resmunga a essa hora e a mãe (ou a avó) vão ao quarto dela e dão-lhe o tal leitinho...

Quando é a avó, depois deitam-se lá as 2 e ficam até de manhã. Quando é a mãe e porque tem a mama para dar à mais nova, quando volta para o nosso quarto, vou eu deitar-me um bocadinho com a Ana. Primeiro, porque me sabe bem; depois, porque é um sono mais levezinho e sempre vou dando umas palmadinhas e umas festinhas para ajudar a embalar o sono...

São momentos (quando não estou perdido de sono) espectaculares: ela suspira, encosta-se, afasta-se, chuta-me, quase dá cabeçadas na cama de ferro...

Este Sábado de manhã foi um desses bons momentos de harmonia familiar: a pequena Ana acorda, abre os olhitos, olha para mim, faz um ar de "principio de choro" e dispara chorosa num berro: "A ANA NÃO QUÉ PAITÉ!"...

São ou não são palavras de encher o coração??? Só não sei com quê...

De qualquer forma, "Paité qué Ana" na mesma...

Férias 2010...Episódio 2: Bolinha Light


A praia do Algarve, para além da melhor água (pelo menos em temperatura) de Portugal Continental, tem também para nos oferecer outras coisas bem agradáveis....entre elas e porque isto é um blog familiar e não podemos descanbar na conversa, estou a referir-me às já clássicas bolinhas de berlim, com e sem creme, à venda em malas termos azuis pelos areais algarvios, há já muitos anos...

Nos primeiros anos em que fiz férias por lá, essa actividade era exercida por jovens estudantes portugueses que aproveitavam o periodo de férias para amealhar uns trocos para gastar à noite com as "bifas".

Mas hoje em dia, com a globalização, e depois da enchurrada qu tivemos de dentistas desse país irmão, eis também que fomos invadidos pelos vendedores de bolinhas brasileiros... Portanto, a venda destes apeteciveis pastéis, passou a ser cantada com um português musicado da terra de vera cruz. Até aqui tudo normal...

Mas o nosso "bolinha" (nome normalmente dado a estes vendedores da praia) era um caso áparte: as bolinhas que vendia eram light, ele cantava desde que entrava na praia até que o dia acabava (ou as bolinhas), ele metia-se com as miudas e com as graúdas, com os rapazes e com os pais e avós, ele parava para contar anedotas, ele usava toda e qualquer música (venenosa da rita lee, mulher portuguesa dos diapasão, etc...) adaptando a letra à venda da bolinha... Como "piéce de resistance", pasmem-se, o "bolinha light" tem grupo do facebook: http://www.facebook.com/home.php?#!/group.php?gid=142951542383194&ref=ts

Mas o melhor disto tudo é que todos os miúdos adoravam o rapaz que vendia as bolinhas...todos não... Havia uma excepção: sempre que a Ana via, ou melhor, ouvia o "bolinha light" e as suas cantorias, era vê-la a chorar a trepar por nós acima, a pedir "cólhinho", com medo do "temivel" vendedor de pastéis.

Das duas uma: ou a abstinência aos doces que lhe foi imposta pelos pais desde que nasceu a fez temer tais coisas como açúcar e pastéis; ou a imagem dum tipo muito moreno, de t-shirt caviada branca e boné da mesma côr, com uma mala azul ao braço aos berros com uma maneira de falar estranha a tenha impressionado um bocadinho...

Esta miuda é um prato!

A partir que me apercebi disso, aproveitei a ajuda desse temor e sempre que a pequena Ana tentava ignorar as minhas indicações na praia, saía uma inocente ameaça: "Vê lá, ninas, é melhor fazeres isso se não vem aí o bolinha"...

"Coisa feia", dirão alguns, "isso não se faz", dirão outros...Para mim chamo de "eficácia educativa"...Pior era se fôssemos para a praia do Gigi e ela fosse ameaçada pela presença do Marcelo Rebelo de Sousa e ter que ouvi-lo falar 2 a 3 horas sem parar...

Enfim, depois de há 50 anos ter nascido o "monstro das bolachas", este ano nasceu no Algarve... O MONSTRO DAS BOLINHAS!!!!

---fim do segundo capitulo----


Cenas do próximo capitulo:
- a cama do ursos
- paz
- soninhos dificeis

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Novo Reforço do Sporting Apresentado: A.Peixe

Este Sábado deu-se a apresentação do clube de Alvalade para a época 2010/2011, com um jogo contra o Ol. Lyon (vitória por 2-0)

No final do encontro, Paulo Sérgio afirmou: "quem quer lutar por aquilo que queremos lutar, tem de ter qualidade… Seja só com estes ou com reforços, lutaremos por todos os títulos."
O "Um marciano em Vénus" está à vontade para afirmar que o técnico leonino já sabia, aquando destas declarações, que o Presidente do Sporting já tinha selado acordo com "A.Peixe", jogador robusto, versátil, com um bocadinho de peso a mais (a precisar do mesmo tratamento do Maniche), mas com um enorme rigor táctico e com muita vontade de "mostrar serviço" e marcar golos...

A nação leonina está confiante que se trata da contratação da época! E que assim seja...

Em declarações proferidas em exclusivo, afirmou: "dá!dá!dá!dá" a pedir insistentemente que lhe dessem a bola... demonstrando uma enor~me "fome de bola" e a afirmar ser do Sporting desde tenra idade...

Seguem as fotos da apresentação do novo reforço:


Nota : A craque é sócia nº 78.900 do Sporting Clube de Portugal. Ah ganda leoa!!!!


quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Duelo do século: JANECO vs Kitty - Round I


Um duelo que não será decidido tão cedo irá ser travado dentro das paredes lá de casa nos próximos anos...

Num canto do ringue, temos um coelho laranja, adorável, simpático, carinhoso, que era do pai marciano enquanto criança, de toque agradável, de nome....JANECO !!!!

No outro canto, uma gatinha irritante, sem boca (logo não pode miar), de roupa pirosa, de lacinho parolo na cabeça, chinesa, obviamente o brinquedo de criança da mãe venusiana, de seu nome (estrangeiro, ainda por cima)...kitty !!!

Quem será o brinquedo preferido das pequenas venusianas?
Quem ganhará?
Alguém faz apostas ?

Dou-vos uma pequena e subtil pista: é um roedor...

PS- A gata não teve direito a foto, por direitos de autor, não foi de todo para influenciar preferências...(ahahahahahahahah- riso maléfico marciano)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

E tudo correu bem...no Dia da Criança!


Um dia em cheio pelo Maria Pia.

Um hospital antigo, com instalações antigas, com uma sala de espera sem ventilação apinhada de gente, um ar espesso e irrespirável..é esta a primeira impressão de quem entra neste hospital de crianças.

Subimos ao 1º andar, andar da enfermaria onde fomos instalados. E bem instalados, numa sala com outros 3 miudos que tinham sido operados ao sistema urinário e que tiveram ontem alta, depois de 8 dias com uma sonda "enfiada", sem poderem se levantar. Ontem já podiam e ...era o "fim do mundo" naquele quarto...

Levamos, como sugerido pelo próprio hospital, uns brinquedos para entreter a pequena Ana. Não era quase preciso. Primeiro, porque nunca tinha visto tanta criança ("Meni", como ela diz que serve para menino ou menina, que uma criança de 18 meses não faz diferença de sexos); em segundo, porque sendo Dia Mundial da Criança, a animação estava assegurada por palhaços, meninas cantoras e uma contadora de histórias e afins...

Mas vamos por partes...

Os palhaços não surtiram grande efeito nela, ignorou-os, sempre meia tímida, mas na dela, sem muitas confianças, apesar do constante esforço dos mesmos em chamá-la, mas ela estava "nem aí" para os palhaços. A mãe, que não acha piada a estas criaturas de fazer rir, dizia contantemente à Ana, num tom disfarçadamente de simpatia, mas numa de insulto, quase como se estivesse ali o Sócrates: "Ana, olha o palhaço!"; "Ana, cuidado com esse palhaço!"...e carregava bem quando dizia "palhaço"...

A contadora de histórias ( também ela escritora do livro - Livro dos Medos - que foi ler), tinha um sotaque do "puarto" carregadinho, uma espécie de Pinto da Costa de saias, mas com jeito para crianças. O livro versava sobre os medos das crianças. Para mim, que sou um leigo marciano pai, assumo já que não vou comprar esse livro. Não que não esteja bem escrito e bem ilustrado, mas acho que já chegam os medos que as miudas naturalmente irão ter e não me apetece dar-lhes mais sugestões de medos, tais como: ter medo de coisas estrábicas, ter medo da pata choné que anda sempre descalça e cheira a chulé, ter medo de criaturas assustadoras que conseguem passar pelas paredes e pelas janelas... Até eu fiquei com medo que a Adélia tivesse sido minha mãe...

A sala de actividades está muito bonita e aqui nada a dizer. Mesmo da educadora responsável pela área, uma senhora baixinha, aí com uns 45 anos, de cabelo loiro de raizes pintadas de escuro, uma tia, de óculo grossos "fundo de garrafa", muito simpática , de voz esganiçada, que dizia a plenos pulmões (esganiçadamente): "Oh Ana, és muito linda, sabias?" Sabia e sabe, mas obrigado!

Ainda, houve mais uma dupla de palhaços e uma dupla de meninas que cantavam e tocavam muito serenamente, musica muito mais tranquila que a Ana delirou e dançou e bateu palminhas ao som do "doidas andam as galinhas"...

Sendo o Dia da Criança, a Ana teve muitas prendinhas no hospital, entre balões em forma de cãozinho ( que inocentemente eu destrui convencido que saberia fazer outra vez os ditos), um livro infantil (bem giro e sem medos...), uma camisola, uma mochila com um kit completo de utensilios para construções na praia da Kitty... enfim, foi um fartote.

Só não foi um fartote de "papa" , porque o último leitinho tinha sido às 4 da manhã e só foi chamada para o bloco por volta das 12:30, já ela pedia "papa!papa!" à mão venusiana que já não conseguia esconder a ansiedade, também dificultada pelo turbilhão de hormonas que quem está grávida tem. Mas lá foi para baixo...

Foi a hora mais longa do dia...

Uma hora depois já tinha terminado e a mãe foi chamada para ir buscá-la.

A pequena estava bem, dormitou, resmungou, meia drunfada da anestesia ao inicio, depois de dormir, acordou toda bem disposta. Por volta das 18:00 lá começou a beber água com açúcar, sumo para ela (a que chamava de "tumo! tumo" para pedir mais...) e lá teve alta.

Na mão direita, depois de tirado o catéter, ficou um orgulhoso penso ("dói-dói"), que ela fez questão de mostrar a todas as "meni" (enfermeiras) antes de sairmos...

E assim se passou mais uma etapa nova na vida desta pequena criatura linda.

Chegados a casa dos avós (casa de todos, nesta altura), teve direito a mais prendas: um urso com mais 30 cm que ela dado pela "titi" Su e uma tábua de engomar e o ferro de brincar dado pela "Bli" !!!

Aqui o marciano foi assistindo e ajudando, engripado, adoentado, com dores de garganta, a dormitar pelas cadeiras do hospital nas horas "mortas", com dores e arrepios pelo corpo, amenizadas por um brufen ao fim da tarde e uma soneca das 19:30 às 21:00 quando chegados a casa...

A Ana passou bem a noite seguinte e adoro quando me diz "não!não" para não sair de casa para trabalhar...

o Marciano babado

PS- Obrigado a todos que mandaram ou não mensagens, que ligaram ou não, mas que estiveram connosco neste dia. Um obrigado especial à tia bé, por estar sempre lá nestas coisas...

sábado, 29 de maio de 2010

Com o coração assim apertadinho...


A próxima semana é semana de emoções e sentimentos novos que nem eu nem a mãe da pequena venusiana Ana sentimos até este momento...

A nossa pequena cria tem um tal de quisto de Malherbe, na face, junto à orelhinha, que, apesar de não ser aparentemente perigoso, tem que ser cirurgicamente extraido.

Uma violência - pensamos nós - que os médicos têm mesmo que fazer!

Não sei bem o que iremos sentir no momento em que virmos a pequena Ana a sair do nosso campo de visão a caminho de um gelado e feio bloco operatório, mas tenho a certeza que o nosso coraçãozinho ficará bem apertadinho...Assim bem pequenininho... (para ser sincero, já está...)

Que tudo corra bem e rápido...que os pais não aguentam muita espera...


PS- Dedico este post a todos os pais que sofreram, sofrem e os que ainda vão sofrer pelos cuidados dos seus filhos...
Inimaginável é a dor dum pai ao ver o seu filho doente. Nesses momentos, se revela a fraqueza do Homem enquanto ser dono,protector, senhor de si e dos seus... De nada vale se a fortuna não o acompanhar! Por isso, desejo fortuna para todos!!!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Apresento-vos... a SPIDER - (WO) MAN !!!!


A nossa aranhiça lá de casa está a crescer e transformou-se em...Spider-(wo)man!!!

Anda lá por casa de pulso em riste a dizer "tsss! tsss!" como se daqueles pulsos pequeninos fossem sair temiveis teias de aranha que a deixassem pendurada nos tectos...Enfim, o orgulho dum pai marciano que adora este super-herói e que ama perdidamente a sua filha aranhiça...

Fantástico! The amazing Spider-Ana....

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Adeus, "pépé" !


Ontem, começou uma nova etapa na viagem da pequena venusi...Ana: foi dia de deixar de usar a chupeta, ou melhor, a "pépé", como ela lhe chama!

Antes de mais convém só frisar que a venusiana-chefe (vulgo, a mãe) nunca gostou de chupetas, daí esta questão ser de fácil consenso; porque todos sabem que isso é coisa que um marciano não tem voto e, para falar verdade, nem interesse... "Algum dia tem que deixar (de usar chupeta) e tem, que seja hoje", pensei eu... Por mim, na boa!

Adormeceu bem de tarde, conforme relato de quem estava com ela (a tia Nanda) e à noite, apesar do óbvio aumento na dificuldade de a silenciar para dormir, não correu mal...

Aguardemos cenas dos próximos capítulos... Mas para já, é o adeus à "pépé"!