O dia-a-dia dum Marciano em Vénus, numa casa de mulheres: Sara (a mãe), Maria Ana, Maria Francisca e Maria Rira (mais a cadela Karina)...

Um tremendo desafio para um homem na idade moderna: como compreender, como falar a linguagem delas, como perceber as suas "mariquices", como ralhar sem fazer chorar, como controlar sem ser controlador, como deixar andar mantendo as meninas vigiadas...ufff! Enfim, como ser dominado e achar que se domina tudo...

Estou a escrever isto e já só quero fugir...

Mas a viagem já começou e este marciano vai a caminho de Vénus, com um bilhete só de ida no bolso (com um grande sorriso de felicidade nos lábios...)...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Jogo (Parabéns, Ana!)



Fizeste-te esperar pelo tempo que precisaste.

A mim pareceu-me um exagero, mas parece que “é mesmo assim” – diziam-me.

Marcamos o dia e lá estava eu à tua espera onde combinado, sem saber que a espera se iria prolongar por mais um dia.

Não nos conhecíamos, mas tínhamos a certeza que nos reconheceríamos.
Não sabíamos como, mas sentíamos que estávamos ligados por uma qualquer força invisível.
Não imaginávamos bem onde, mas era certo que em qualquer lugar do mundo seriamos unidos.
Nunca havíamos visto as nossas bocas ou os nossos dentes, mas não havia dúvidas que no futuro os nossos sorrisos iriam-se cruzar no infinito e que as nossas gargalhadas seriam inconfundíveis um para o outro.

Tu ainda não sabias, mas eu tremia de medo por não saber nada.
Eu temia não te ter, mas tu fizeste (e fazes) valer bem a pena o medo. Pena tenho de eu não ser melhor ainda.

As cartas seriam dadas a cada um de nós, mas eu não tinha nenhum trunfo na mão. Não tinha estratégia definida, nem nunca fui jogador.

Eu fui ao local e dia decidido.
Tu só apareceste no dia seguinte.
Chegaste com toda a força no teu grande e verde olhar.

Cegaste-me.
Abençoaste-me.

E desde o dia que me tocaste, trocaste-me as voltas.
Desde o momento em que te vi, nunca mais vi nada igual. Nunca mais vi qualquer coisa como até ali. Nunca mais olhei para as mais simples coisas, como desde esse segundo que te senti respirar pela primeira vez.

E ainda bem que o fizeste.
Ainda bem que nasceste…
E, mais que muito… E, melhor que tudo, és minha e não largo.
“Tudo o que é meu é tudo o que eu não sei largar.”


Tiago Bettencourt & Mantha - O Jogo
 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Urso Chinês e os Sameirinhas...




Um desses escritor/pensador mais famoso, defende uma teoria, um pensamento: de que não se deve voltar a um local, um sitio, onde já se foi muito feliz, pois há uma forte possibilidade desse regresso ser uma enorme desilusão, não correspondendo as novas sensações às deixadas no coração e na memória…

Pois eu arrisquei tudo e fui com as miúdas ao concerto “Panda e os Caricas” no  Pavilhão Multiusos de Gondomar, local onde já gozei de agradáveis tardes/noites de entretenimento numa feira temática que costuma por lá acontecer em Fevereiro…

O Canal do Urso Chinês tem esta varinha de condão de criar umas personagens musicais que são um fenómeno de sucesso na petizada, e vai daí, é só facturar e facturar com cds e brinquedos e estojinhos e lápis e brinquedos de fazer bolhinhas de sabão e t-shirts e...o que nos fazia estar ali, "vibrantes" concertos...Desta vez, o urso vem acompanhado de 4 palermas, 2 rapazes e 2 raparigas, vestidos com macacões e trapos coloridos, prontos para ensinar belas musicas para as miudas lá de casa se banquetearem, dançarem, cantarem e me massacrarem, de cada vez que eu ousar (tentar) ver as noticias ou a bola, lá em casa...

Ainda o espectáculo não tinha começado, já tínhamos comprado marchandise dos “artistas”, lá ocupamos os nossos lugares e aguardamos o inicio, sempre musicados e motivados por vídeoclips em 2 enormes écrans da esganiçada Xana Toc-toc, num volume de som altissimo e num grande estardalhaço…

Finalmente, as cortinas vermelhas abriram-se e lá começou…

A Cácá, do inicio ao fim do concerto, foi firme na sua postura: ao colo da mãe: manteve a expressão “boquiaberta”, como se fosse a coisa mais espectacular que alguma vez tenha acontecido na face da terra…e se calhar, para ela, foi mesmo.

A Ana estava também muito empolgada, estava a adorar, até que os Caricas se lembraram (estupidamente) de chamar ao palco uma criança que soubesse “jogar ao arco”. A Ana pediu “Posso ir, pai?”, eu respondi sussurrando “Mas tu não sabes…” Entretanto já tinha subido uma miúda…Passadas umas musicas, voltaram à carga e levaram para o palco mais 4 ou 5 miúdos para coreografar com eles…Intervalo! E com ele, o primeiro sinal de alerta: a Ana estava um pouco desapontada por não ter subido também ela ao palco. Eu estava empenhado (ou pelo menos queria mostrar que estava) em tentar remediar a coisa na 2ª parte…

Ia (e fui) com a Ana para junto do palco, onde dezenas e dezenas de miúdas estavam a dançar, sedentos para serem escolhidos para subir ao palco… E assim foi! Fiquei ali de joelhos, circundado por crianças que saltavam tresloucadas, que ma calcavam as mãos, tropeçavam nas minhas pernas, até que fugi (literalmente) para junto do palco, mas na lateral, para tentar sobreviver àquela debandada de gnus, qual Mufassa no Rei Leão.

Por momentos, viajei no tempo e dei por mim a pensar se o Panda iria-se embrulhar todo em celofane e iriam queimar os seus entrefolhos com cêra a ferver; ou se alguma das caricas iria dar uma de bondage em cima doutro carica, ou se as duas caricas podiam-se tornar tão amigas quanto umas checas que neste mesmo pavilhão assisti a entregarem-se uma à outra, numa amizade como eu nunca tinha visto…mas TRÀZZZZZZ! Voltei a mim e nada disso estava a acontecer, além de tal hipótese ser, só por si, doentia…

Voltando à (triste) realidade, na verdade, mais nenhum miúdo foi chamado ao palco, por isso, não houve essa hipótese de desilusão… Pensava eu!

Desde o fim do espectáculo até casa, foi uma choradeira , que nem um balão da Barbie acalmou, por não ter conseguido subir ao palco ou estar junto dos Caricas. Pior, a culpa disso tudo era minha, por não a ter levado mais cedo para junto do palco, onde a magia acontecia…

Depois, a desilusão foi sendo substituída por má-disposição e mau ambiente geral dentro do carro, em mais uma viagem infernal até casa…

Confesso que a minha paciência com choradeira não é muita, mas quando ela “não tem (uma boa) razão de ser” pior ainda… Mas lá serenou, ou melhor, lá serenamos os dois…Uffff!

Mas ainda hoje, a Ana, não raras vezes me pergunta cabisbaixa, num tom inquisitório “Porque disseste que eu não sabia jogar ao arco? Eu sei, tu é que não…Podia ter ido ter com os Caricas!”; Eu pergunto até quando ela me vai acusar da sua infelicidade, mas não tenho resposta…só um desesperante e incógnito silêncio, que faz prever um longo calvário…e uma sensação de desilusão como pai...

Portanto, voltando atrás e resumindo, entre sacar à borla na pirataria o DVD dos Caricas que dá para divertir as miudas horas e horas em frente ao LCD, ou gastar uma pipa de massa (a brincar a brincar, a brincadeira ficou por 100 euros) para levá-las ao concerto e ainda por cima para sermos condenados a “maus-da-fita” e "destruidores de sonhos", mais vale o quê, meus amigos? Claro, o salão erótico…

PS - Do mais triste desse dia, foi ter encontrado lá dois bons amigos com os seus filhotes...Não, não foi triste encontrá-los, mas se fosse em Fevereiro, divertiamo-nos muito mais, de certeza...