O dia-a-dia dum Marciano em Vénus, numa casa de mulheres: Sara (a mãe), Maria Ana, Maria Francisca e Maria Rira (mais a cadela Karina)...

Um tremendo desafio para um homem na idade moderna: como compreender, como falar a linguagem delas, como perceber as suas "mariquices", como ralhar sem fazer chorar, como controlar sem ser controlador, como deixar andar mantendo as meninas vigiadas...ufff! Enfim, como ser dominado e achar que se domina tudo...

Estou a escrever isto e já só quero fugir...

Mas a viagem já começou e este marciano vai a caminho de Vénus, com um bilhete só de ida no bolso (com um grande sorriso de felicidade nos lábios...)...

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Há mais ou menos 2 anos....


Há 2 anos atrás, ainda não conheciamos a Maria Francisca.
Supunhamos, pelas medições em ecografia, que seria uma rapagona, um bebé robusto, grande,de percentil bem elevado...
Sabiamos, pela forma como se mexia, que seria uma pequena tourinha, mortinha por ser solta neste mundo.
Sonhávamos, porque é isso que os pais fazem, se seria parecida com a irmã, se seria meiguinha como esta, se seria tagarela como a primogénita, as comparações do costume...
Desejávamos, pelo menos, que fosse "perfeitinha".
Ansiávamos por ver a cor e a expressão dos seus olhos.

Mas a única certeza que realmente tinhamos era que seria mais uma menina a juntar ao clã. O marciano aturava já as peripécias e as pieguices de duas venusianas, e vinha mais uma juntar-se à "festa".

A gravidez da Francisca foi em tudo diferente da Ana: já não liamos os livros sobre gravidez, sobre como agir com o seu bebé, manual de instruções dum bebé saudável...Primeiro, porque a Ana absorvia muito do nosso tempo; em segundo, e principalmente, porque esses manuais, livros, o que quiserem chamar, são uma grande treta, porque esquecem aquilo que é mais bonito no ser humano: a sua singularidade. Não há crianças iguais, não há bebés com comportamentos iguais (ainda não sabia, mas isto é verdade, mesmo para aqueles que vêm ao mundo pelo mesmo buraco)...

Além disso, por muito que isto possa ser mal interpretado, as expectativas não eram as mesmas: já se sabia as noites terriveis que aí vinham (e ainda não estavam resolvidas as terriveis noites que a Ana ainda dava), já se sabia limpar o cócó, já se sabia limpar uma patareca, já se sabia vestir um bebé que não ajuda nada, já se sabia algumas coisas, mas ainda tantas estavam por descobrir, só não sabiamos...


Alguns factos curiosos da gravidez da Cácá:

1- Quando compramos o teste de gravidez, a Sara nem precisou de ver o resultado para confirmar o seu estado.
Ao contrário, na gravidez da Ana,  fez batotice e viu o resultado primeiro que eu... Para se tentar redimir, desta vez quis que eu visse antes dela.
Numa coisa ambas as gravidezes tiveram em comum as primeiras palavras que eu proferi: "Xiiiiiiii...E agora?"

2- Numa das primeiras ecografias (num consultório duma sumidade médica do Norte, cujo nome prefiro ocultar), ainda estava eu com a esperança que ali se estivesse a gerar um pilas para equilibrar as contas lá de casa.
O dito médico examinava o bebé, enquanto ia perguntando "Querem saber o sexo do bebé?", "O que o pai acha que é?", "E a mãe?" , "E tu?" (a perguntar a Ana, sentado ao meu colo, que observava aquilo tudo com muita atenção e espanto)
- Um rapaz-respondi eu, com alguma animação de esperança.
- Eu aposto numa menina- dizia a mãe.
E a sumidade disse: "Querem saber?"
Nós anuimos.
"A mim parece-me uma rapariga."

E eu, levantando-me, quase mandando a Ana ao chão, inquiri-o bruscamente: "E em que é que se baseia para dizer isso?"

O médico sorriu, com algum paternalismo, e disse-me: "Num bocadinho mais do que aquilo que os pais se baseiam...Mas não é certo...Todos as semanas mudam-se sexos nas ecografias...Eu próprio já me enganei. Nesta fase da gravidez (mesmo no inicio que estava), acho que acontece um em cada mil..."

Eu meti o rabinho entre as pernas, sentei-me silenciosamente e só quis sair dali o mais rapidamente possivel, apercebendo-me quão desadequada e parva tinha sido a minha reacção...

3- A Ana é que a baptizou a irmã de "Cácá". Era assim que ela lhe começou a chamar mal soube que iria ter uma mana Francisca! E pegou...

4- Não há gravidez como a primeira... dizem muitos. E sou obrigado a concordar. A atenção, os medos, os cuidados, quando uma gravidez anterior foi tranquila, perdem-se um bocado. Não acho que seja por desmazelo ou desrespeito pela bebé em si. Ou por falta de amor ou carinho. Parece-me tão normal como algo que é tão natural, tão bom que deve ser vivido exactamente assim: descontraidamente...No fundo, todas as gravidezes deviam ser assim vividas. Sem desprezo, mas dando o valor duma coisa tão boa como natural! Mas isso deixo para as mulheres decidirem...

Realmente, há 2 anos não conheciamos a Maria Francisca, mas tinhamos muitas saudades quando não a viamos (fora das ecografias)...

Há mais ou menos 2 anos, podia até não a conhecer, mas de alguma forma sobre-humana, já a amava!

No dia do parto, o amor pelos filhos não esmorece. O amor "abadalhoca-se" um bocado, é verdade, mas fortalece-se!

O relato do dia P deixo para a semana...dia 4!!!



quinta-feira, 14 de junho de 2012

"Leva o meu pai a Pajéme"

Para relembrar este grande momento video em que um homem, pai de familia, se lembra de fazer com o irmão, outro homem de familia, às 6 da manhã um video para tentarem ir ver Pearl Jam a Buenos Aires.

O video tem já uns meses (é de Outubro de 2010, para ser mais preciso), mas a verdade só o mostro e publico aqui porque a Ana é, sem duvida e apesar de aparecer 3 segundos, a Melhor Actriz...

Não ganhamos (a não ser o cd Backspacer dos PJ), mas foi fixe...

Fica para memória futura, fica para poderem ver (ou rever, se for o caso):

Desconfortos....


Os miudos têm muitas vezes a capacidade de introduzir em conversas e ocasióes sociais triviais, "temas" e "assuntos" de uma forma um pouco (no minimo) desconcertante e desconfortável para os grandes (leia-se pais)…

Como "gajo do Norte" que sou e não trocava, volta e meia, uso um palavreado digamos que menos consensual no meio social... Mas eu sou daqueles pais (uso o plural na esperança que existam mais como eu) que acha que as crianças não têm que ser protegidas das coisas erradas dos adultos, como as palavras ou fumar à frente delas (não confundir com obrigá-las a fumar "a meias"). Eu, quando cresci, apesar dos meus pais não serem "muito nortenhos" nos vernáculos, fumavam e não se escondiam para que eu não visse. Isso, para mim, faz tanto sentido como ter que beber um copo de vinho ou uma bejeca às escondidas das miudas, por ser um mau exemplo...

De qualquer forma, confesso que em relação aos "palavrões" passei a ter algum cuidado depois do aprecimento das miudas na minha vida, mas sem me sentir de todo amordaçado.

Por vezes, em brincadeiras, usava um vernáculo mais...como dizer..."forte", tipo: “que mijona”, "ca ganda cagada"...por aí…e era sempre motivo de grandes gargalhadas entre pai e filha mais velha (e ficava mesmo entre os dois, porque a mais nova não me liga nenhuma e a mãe só não me batia porque não podia, condenando-me sempre a um castigo severo só com o olhar e um ligeiro mas acusador abanar de cabeça…) 

Claro que como pai moderno, contrapunha sempre com “mas a miuda algum dia vai…dizer isto sem ser em casa?…vocês também vêm mal em tudo..porra!”

Mas a verdade é que tive que acabar com esse tipo de vernáculo, quando num jantar fora de casa a Ana virou-se para o pai, com aquele sorriso (mais bonito do Mundo) e disparou a mais singela pergunta: “Pai, queres comer cagada e beber mijada?!”

Como se não bastasse, um dia em casa, acercou-se do marciano e perguntou com o maior descontração: “Pai, posso-te mijar em cima?” Como já não me perguntavam isso desde uma despedida de solteiro há 15 anos atrás, além de que neste caso era a minha própria filha a questionar-me, resolvi por bem ter uma “conversa séria” com ela e esse tipo de linguajar foi banido lá de casa… (e a mãe, como sempre, tinha razão…Grrrr)

Há também uma pequena passagem de um jogo do Sporting, que disparei um comedido e meio a sussurrar (para dentro) “filhos da…” que a Ana teve o cuidado de completar…por 5 vezes e em voz bem alta, dizendo sempre no meio de cada uma “não é , pai?”…ufffff! Isto no meio da familia do lado da mãe, representa só por si um orgulho desmedido e uma óptima forma de relacionamento pai/filha! Já para não dizer sogros/genro...

Mas há um "pequeno" palavrão que nem eu nem a madrinha/tia Su deixamos que a Ninas pare de pronunciar no seu melhor inglês: "Fuckshit!"...Não ofende e sempre posso-me vangloriar de ensinar "porcarias" à minha filha...

Enfim, que se f.....

Isto de educar é dificilimo…o conflito: Desenvolvimento ou Destruição ?

Sempre que posso tento mostrar às minhas filhas a magia que o Mundo moderno nos proporciona e ensino-lhes como se podem desenvencilhar em coisas tão importantes e essenciais na nossa vida como “ligar o leitor de dvd/abrir a porta do dvd/colocar o cd-dvd/fechar a +porta do dvd/clicar no play e pôr o dvd a correr”

Ora se quando na minha presença, tudo corre pelo melhor, seja qual das miudas a aluna naquela autêntica aula prática, quando a vigilância adulta não existe, tudo piora… Ele é cds e dvds espalhados pela sala, ele é aparelhos todos ligados a piscar, ele é aparelhos com tudo o que é portas e portas com botoes abertos…

Daí que isto da educação seja tão complicado: “Como posso eu resmungar com elas se só estão em pôr em prática os ensinamentos (imprescindiveis) do pai?”

É verdade que estão a destruir tudo o que é dvds e jogos de ps3, mas raios, isto é Empreendedorismo e temos que apoiá-las… (menos com as coisas da ps3, mas também digamos que a ps3 é uma espécie de filha mais velha que eu tenho e adoro)

Como tal, o que devemos valorizar: o desenvolvimento cognitivo, racional e mental das pesti….(desculpem) das crianças? Ou a destruição total da sala?

Isto de educar é mesmo dificilimo…

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Super-Mãe...

Desde miudo que sempre ouvi falar no 6º sentido da mulher... uma espécie de intuição para descobrir coisas que não sabem e também uma forma de inventarem coisas que, fora na sua cabeça, não existem. Esta era a definição que eu tinha gravado na minha mente, que pensei sempre ser uma espécie de super-poder feminino.

Mas estive sempre enganado. O 6º Sentido das mulheres é uma coisa pequena quando lhe é adicionado um outro super-poder que as fêmeas adquirem quando se tornam mães...o poder da promonição!

As mulheres, quando mães, tornam-se uma espécie de bruxas, cartomantes, videntes, pior, que lançam feitiços e maldições...

Quando a minha mãe dizia "Leva o casaco que hoje vai chover...". Bem podia estar o sol mais radioso do ano às 8 da manhã, se eu não levasse o raio do casaco, era certo que iria chover e iria ficar encharcado "como um pinto" (como ela também me dizia); o feitiço "veste uma camisola por cima dessa t-shirt que ficas doente" dava-me duas opções: ou vestia a camisola ou sabia que uma bruta constipação iria-me possuir nos dias seguintes, etc...

Até aqui tudo bem, até porque sempre soube que estava a lidar com a melhor mãe do Mundo!

Qual não é o meu espanto, quando anos mais tarde, já um trintão, descubro que também a mãe das minhas filhas possui tal habilidades. Ora vejamos : "Ana, não sais da cama de meias que vais cair!"..Pumbas! "Ana, não bebas assim que te engasgas"...Já está! "Cacá, não metas essa colher toda na boca que te entalas"...Pimbas.. "Esta miuda é alérgica ao leite!"...Análises só servem para os médicos confirmarem o que a mãe já sabia...E por aí fora...

Mas pior ( e eis um aviso para todos os machos), elas adquirem este super-poder não só sobre os filhos, mas também (e pasmem-se) sobre nós..."Não faças isso que depois ela faz igual"...Bingo! "Não as deixes lavar os dentes sozinhas que vão ficar encharcadas" Toma..."Não ponhas isso aí que vais-te esquecer"...Onde?

Como tal, fica o meu conselho, caros marcianos: Ouçam com atenção o que as venusianas vos dizem porque as gajas acertam sempre!!!

Primavera Shit Sound Porto 2012

Que maravilha! Um fim-de-semaninha prolongado, pensei eu dia 6 de Junho, faz hoje 8 dias…

Tudo para correr bem…E até nem começou mal..
- 4ª Feira a noite futebolada; 
- noite de 4ª para 5ª, a diarreia começou a impôr-se no seio da familia atacando a nossa mais velha, que como filha mais velha que é mostrava a sua fibra: berrava como tudo cada vez que tinha uma cólica, chorava que se matava sentada na sanita, choramingava de cada vez que passava pelo pote das gomas, mas… deliciava-se quando lhe dávamos coca-cola! Enfim, uma miuda de fibra! 
- 5ª feira ficamos por casa a “curtir” a diarreia da Ana…
- 5ª para 6ª Feira, mais uma noite de merda (literalmente)...
- 6ª Feira, a mãe trabalhou, as miudas foram distribuidas para as avós e tias, e o pai foi dar uma corridinha e almoçar com o irmão (Pípi para as miudas)…rico inicio (ate as 17)de dia!!!  Depois foi tranquilo...
- Sábado de tarde, foi a vez do “bicho” me atacar mas sem diarreias que isso é coisa de fêmea, mas deu-me para febres…Logo no dia que iamos ao Primavera Sound no Parque da Cidade…Raios! Ainda deu para ver a selecção de todos nós levar no corpo e…berço! 
- Domingo começou a diarreia na mais pequena, espalhando-se depois para a mãe, para os avós…e sabe-se lá onde vai parar! 

E assim este fim-de-semana será para sempre lembrado como o Primavera Shit Sound Porto 2012! 

É verdade que se poupou nos bilhetes do festival, mas gastou-se em toalhitas, fraldas e halibut...

Flash Forward

Amigos, Familiares,etc. podia pôr-me aqui com a maior das tretas a tentar justificar estes meses de ausência, mas na verdade a única desculpa válida é a PREGUIÇA…

Se gosto de escrever? Adoro, mas nem sempre estou praí virado… Prometo que pelo menos vou tentar…Esta semana, dias de especial inspiração levaram-me a voltar a escrever-vos.

Resumindo os ultimos meses: a Ana já fez 3 anos em Dezembro, eu já tenho a idade de Cristo quando crucificado ( e no fundo sinto-me a caminho do Purgatório), a Francisca faz 2 anitos daqui a menos de um mês e a Sara começou a trabalhar na escolinha da Ana… De resto, a vida vai correndo no nosso “Palácio dos Sonhos”…

E siga a rusga…